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Diferenças entre as queimadas na Amazônia e Austrália

Diferenças entre as queimadas na Amazônia e Austrália

As mudanças climáticas têm acentuado as causas e prevenções dos incêndios pelo mundo

Saeed Khan/AFP/Getty
Saeed Khan/AFP/Getty

As chamas que se alastram pelas florestas australianas há meses já atingiram mais de 5 milhões de hectares. Além disso, mais de 1.500 casas foram destruídas e ao menos 25 pessoas morreram desde setembro do ano passado. Os danos causados no país da Oceania não possuem precedentes quanto à fauna. De acordo com a World Wide Fund for Nature (WWF) e ecologistas da Universidade de Sydney, a estimativa é que mais de um bilhão de animais nativos, dentre eles, coalas e cangurus, foram mortos devido ao fogo.

Ainda de acordo com especialistas, a permanência das ondas de calor na região não possui perspectiva de controle. De forma que ainda existem 130 focos de incêndios ativos. A situação se mostra crítica, ao ponto que na última terça-feira (7), a fumaça das queimadas percorreu 12 mil quilômetros carregadas pelo vento e alcançaram Argentina, Chile e, agora, o sul do Brasil.

Erika Berenguer, pesquisadora brasileira nas universidades britânicas de Oxford e de Lancaster, recentemente expôs sua análise acerca das, também recentes, queimadas na Amazônia brasileira. “Não é porque é fogo que é igual. Não é uma comparação válida”, afirma Berenguer, que estuda os impactos do fogo na Amazônia. Em adição, Rômulo Batista, da campanha de Florestas do Greenpeace, explica que as causas dos incêndios são distintas e que a análise deve ser feita separadamente.

“Lá, o que tem sido queimado, é o que chamamos de floresta tropical seca, completamente diferente da floresta tropical úmida que é a característica da Amazônia. A maioria dos focos de incêndio da Amazônia se deu em áreas ou que foram desmatadas anteriormente ou que estão no arco do desmatamento em que foi usado fogo para desmatar a floresta e ocupar o solo com outra alternativa”, afirma.

AS CAUSAS

As queimadas na Austrália ocorrem de forma natural, de forma que a flora australiana evoluiu junto ao fogo. Ou seja, as queimadas acontecem em sua grande parte pela incidência de raios. Porém, com uma minoria de casos de fato propositais. O que difere de outras épocas é que, segundo Berenguer, os efeitos das mudanças climáticas têm aumentado essa frequência. “As temperaturas já estão mais altas e o período de secas mais prolongado na Austrália, o que favorece a propagação do fogo.”

Já na floresta amazônica, as queimas não se dão naturalmente. Isso porque a floresta é úmida ou “floresta de chuvas”. Sendo assim, Berenguer afirma que “o fogo não ocorre naturalmente nesse ambiente ultra úmido que é a Amazônia. Precisa ser iniciado por alguém”. Pautado nisso, compreende-se que o fogo na região brasileira teria sido iniciado, em sua grande maioria, de forma proposital.

Foto: Saeed Khan/AFP
Foto: Saeed Khan/AFP)

PREVENÇÃO

As mudanças que o planeta vem passando nos últimos tempos acerca do clima são responsáveis por acentuar os incêndios. Somente em 2017, o Brasil emitiu cerca de 2 bilhões de toneladas de CO2, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg). O que torna o país o sétimo maior emissor de efeito estufa.

Naturalmente a Amazônia é capaz de se proteger diante dos incêndios com um sub-bosque debaixo das copas das árvores, as mesmas que mantem a umidade e impedem o fogo de se alastrar. Contudo, os períodos de secas intensos enfraquecem a camada protetora natural da floresta, acarretando maior facilidade ao fogo.

Sendo assim, a maneira de prevenir que a floresta não consiga mais se proteger. Além, é claro, da abolição das queimadas premeditadas. É preciso reduzir as chances de queimas. Para isso, opções como o reflorestamento de áreas degradadas com árvores frutíferas, projeto encabeçado pela Fruits of the Amazon, é uma ótima solução. O projeto, além de viável, também possui valores socioeconômicos envolvidos. Pois além de contribuir para o planeta, a Fruits pensa no cuidado e desenvolvimento daqueles que o habitam.

 Texto e edição: Leonardo Sevilhano 

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